Biografia

Minha história


Nasci no Rio de Janeiro, no Andaraí, bairro operário, no auge da ditadura Vargas, um período de países totalitários de direita, receosos com a expansão comunista.
Cresci na pobreza, dificuldade de estudos, muito cedo na luta e, como inevitável, me tornei operário na fábrica América Fabril, pertencente aos ingleses, expansionistas da revolução industrial. Aos dezoito anos fui servir a Aeronáutica, no início da década de sessenta.
Nessa época, o Rock bombava, os Beatles eram a melhor banda e o presidente Juscelino Kubitschek, em final de governo, inaugurou Brasília, a nova capital do Brasil.
Os anos sessenta foram de transformações sociais e culturais, os hippies no auge da rebeldia e de mãos dadas  com as drogas.
Na sucessão presidencial o povo escolheu o maluco do Jânio Quadros, com vassoura nas mãos, símbolo de campanha para varrer as bandalheiras no país. Não durou sete meses e renunciou. A frustração foi tanta que quase quebraram a vassoura na cabeça dele, gerando uma crise político militar à beira da guerra civil, na tentativa de impedir a posse do vice João Goulart.
Passei boa parte da juventude em armas e prontidão, forjando meu caráter nos princípios nacionalistas, ideais coletivos e bem estar de todos. Valores que ainda os conservo na certeza de que só poderemos minimizar a violência, quando todos estiverem em melhores condições de saúde, alimentação, segurança, educação e trabalho digno.
No governo João Goulart, a classe trabalhadora acedeu ao poder, os sindicatos eram à força do país, as greves não paravam, o país fervilhava, a inflação galopante e com a elite nacional e internacional temerosa com avanço da esquerda, houve o golpe militar de 1964.
Como legalista defendi o governo constitucional, protegemos João Goulart e alguns ministros pelo Quartel General da terceira zona aérea, na fuga do Rio de Janeiro à Brasília, depois Rio Grande do Sul e finalmente o exílio no Uruguai.
Durante o conflito fui baleado pelos golpistas, atendido em hospitais públicos e removido, depois para o Hospital da Aeronáutica. Durante um ano hospitalizado retornei ao quartel e logo depois dispensado por lei de exceção, sendo anistiado em 2002.
Com a anistia geral e irrestrita o jogo político se redireciona, a ditadura chega ao final, criaram o multipartidarismo e Brizola fundou o PDT, motivo de vir estruturar o partido em Maricá, no ano de 1981.
Nessa época, Luciano Rangel, em final de governo, inaugurou o colégio Joana Benedicta Rangel, fez seu sucessor Édio Muniz em 1982 e Brizola se elegeu governador do Estado do Rio de Janeiro.
Com participação ativa na fundação do PDT, fortalecemos os princípios ideológicos no povo de Maricá, convictos de que seria o melhor a todos, elegemos três prefeitos, infelizmente cada um pior do que o outro, tanto que Maricá até hoje não saiu do atoleiro.
Durante esse período me formei em Psicologia, fui convidado no governo Brizola trabalhar nos presídios do Rio de Janeiro e durante vintes anos ajudei os internos e seus familiares.
Anos depois, fiz faculdade de direito e criei uma organização não governamental de apoio à família dos presos, os maiores sofredores nas visitas dos parentes encarcerados.
Em 2006 me aposentei, pensei em me ilhar e descansar, mas com o tempo percebi o quanto é impossível, principalmente nesta cidade onde se quem sabe não faz, deixa para quem não sabe fazer e o resultado está sendo essa catástrofe administrativa dos dois últimos governos.